sábado, 19 de fevereiro de 2011

C&G

Não fazia sentido, e era uma hipótese que nem colocava... Queria Luísa acreditar. Na verdade, a proposta parecia tentadora, e naturalmente provaria a si e ao mundo que estava certa. É simples estar certo, quando nos limitamos a assistir, e no fim vaticinar. Era na profecia do futuro que já adivinhava falhar que Luísa apostava agora.
- Estragas sempre tudo!
E não tinha retorno. Também, não havia investimento. E assim era mais fácil empacotar os últimos 12 meses, de outros 12 meses. Umas quantas peças de roupa, livros, o portátil, e recordações que cabiam em duas caixas de cartão. Trouxera tanto das suas posses como de si para aquele apartamento, para aquela relação.
- Estragas sempre tudo…
Mas já não havia mais nada para estragar. Aquela madrugada tinha sido mais clara que as outras.

Regressado da praia, Jorge dispõe sobre o muro a sua colecção de conchas. Perfila-as por cores, por tamanhos, por preferência. Alinha e desalinha, enquanto a irmã observa.
- Porque estás sempre a misturar as conchas?
- Não estou a misturar, estou a ordenar.