sábado, 28 de janeiro de 2006

No País das Maravilhas...


Comi do lado errado do cogumelo! Encolhi demasiado, e agora não alcanço o seu chapéu. Abrigo-me neste tortulho, enquanto espero que a chuva passe... Passei para o outro lado do espelho, já não me consigo ver! Segui o gato listrado, e conduzia muito depressa, para não chegar atrasada, mas da outra banda da estrada, o camião de pimenta despistado, espalhava por toda a parte espirros de borboletas. No separador, Humpty em piruetas, fazia-me caretas, já sabia da minha sorte! Eram brancas, as malditas, e essa era a minha morte! Em copas, ou em espadas, rolaria a minha cabeça! Livra! Quem me mete nestas histórias?! Nem sequer jogo xadrez!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Marinhar

Já me contei vezes sem conta a mesma história, que já nem eu vou em histórias!
Já me ouvi tantas vezes as mesmas palavras, as mesmas deixas...
Ainda assim, deixo-me a ouvir de novo a mesma narrativa.
Já não acredito, mas ainda creio que é possivel a fábula ser diferente.
Amarrada à crença, escuto-me atenta, emudecida, sem interrupção.
Cerro os olhos, deixo-me seduzir pelos vocabulos, entorpecida, viajo pela imaginação.
Deambulo sem destino, não questiono o caminho, permito-me vaguear.
E salva de amarras, flutuo no limbo, não me quero baptizar!
Não quero nomes, não quero titulos, não quero termos, não quero termo!
Não quero confinar a minha crença, não lhe quero orla!
Não quero a mesma história!
Eu quero tanto, tanto, tanto, navegar!

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Ascendere e Discendere

Por vezes os olhinhos têm destas coisas... ilusões de óptica! Tanto nos parece que vamos a subir, como quando tomamos conhecimento, a nossa rota é já descendente...
Tomamos as escadas!
Os elevadores encravam, e deixam-nos horas lá fechados, à seca! Ou então, estão cheios... E há também o risco de ficarmos presos entre as portas, ou de correr a gritar "Esperem, esperem!" só para as ver fecharem-se à frente das faces imutaveis, alheias à nossa urgência de nos deslocarmos na vertical...
Tomamos as escadas, e degrau a degrau, mais acima...
Tomamos as escadas, e degrau a degrau, mais abaixo...
Tomamos as escadas, sim... mas continuamos sem sair do sítio....
(Desenho de Escher)